A filosofia Japonesa

sexta-feira, 30 de abril de 2010


Muitas vezes já foi dito que a escassez de espaço no Japão industrializado fez a nação conscientizar-se da necessidade de aproveitar ao máximo o uso de todos os recursos físicos, incluindo o estoque, se isso é verdade ou não, é apenas de interesse acadêmico. O caso é que, no Japão, segundo a visão geral, o estoque é um disperdício.

Uma analogia frequentemente usada nessa país é que o investimento em estoque é como um lago grande e profundo. Bem abaixo da superfície encontram-se inúmeras rochas pontiagudas, mas, em virtude da profundidade das águas, o capital do navio não precisa ter medo de se cochar contra elas.

A comparação com os negócios é simples: a profundidade das águas do lago representa o estoque e a rocha, os problemas. Esses problemas podem incluir previsões imperfeitas, fornecedores não confiáveis, problemas de qualidade, gargalos, problemas de relações setoriais etc. A filosfia japonesa reza que o estoque apenas oculta os problemas. Segundo esse visão, o nível das águas do lago deveria ser reduzido (digamos ao nível B da Figura abaixo). Agora o capitão do navio é forçado a enfrentar os problemas - não pode mais evitá-los. Do mesmo modo, se o estoque for reduzido, o gerenciamento deverá prontamente lidar com as diversas falhas de previsão, fornecedores não confiáveis e assim por diante.


Os japoneses desenvolveram o assim chamado conceito de Kanban como meio de baixar as águas do lago. O Kanban teve origem nas operações de montagem, mas os princípios podem ser ampliados ao longo da cadeia de suprimentos e a todos os tipos de operações; essa palavra, em japonês, refere-se a um tipo de cartão que era utilizado em sistemas antigos para sinalizar ao fornecedor a montante que certa quantidade de insumos poderia ser liberdada.

O Kanban é um sistema "puxado" direcionado pela demanda no ponto mais próximo ao cliente. Em uma operação de produção, a meta seria produzir apenas a quantidade necessária para a demanda imediata. Quando há necessidade de peças na linha de montagem, estas são fornecidas a partir da próxima etapa na cadeia, na quantidade exata necessária e no momento em que são necessárias. Da mesma maneira, esse movimento ativará a demanda no próximo elo da cadeia e assim sucessivamente.

Reduzindo gradativamente a quantidade Kanban, os gargalos ficarão evidentes. O gerenciamento, portanto, focalizará a atenção no gargalo para removê-lo, pelos meios mais eficientes em termos de custo. Novamente, a quantidade Kanban será reduzida, até que outro gargalo seja elevado. Assim, a filosofia Kanban basicamente procura obter uma cadeia de suprimentos equilibrada, com estoque mínimo em cada etapa e no qual o processo e as quantidades de material em trânsito e o estoque sejam reduzidos ao mínimo possível. A meta final, dizem os japoneses, deve ser o "lote econômico de 1"!

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